domingo, 9 de setembro de 2012

As viagens sempre me inspiram


Sempre, sempre me inspiro em viagens. E agora está decidido: vou viajar sempre com caneta e papel próximos de mim, pois muitas já foram as ideias perdidas em viagens. Depois eu tenho resgatar, mas a memória simplesmente não permite.
Alguns dos textos aqui, provavelmente a maioria, foram concebidos em viagens. E eu diria até que eles seriam bem melhores se estivessem sido escritos no momento em que tive o pensamento sobre eles, mas isso não foi possível.
Agora, graças ao laptop, ainda que tardiamente, eu consigo captar uma reação um pouco mais próxima do que senti nesta viagem.
Estou a caminho da minha amada Belém, indo reencontrar a família, certamente a base e elemento mais importante da minha vida nesta terra, desta vez por um motivo especial: o casamento de uma amiga que fiz no colégio e, com a graça de Deus, a amizade dela perdurou até anos depois, a ponto de me fazer parte de um momento que tenho certeza será um dos mais importantes de sua vida.
Pulada essa parte, chego ao que me interessa, o que pensei durante a viagem. Queria “simplesmente” ser agraciada com um supercérebro, um que fosse capaz de registrar aquela visão, linda, linda, linda, possivelmente única que tive. Em algum lugar, sobrevoando a Amazônia (provavelmente desmatada pois estávamos, àquela altura, no sudeste do Pará, porém isso é o de menos), ali havia um tapete de nuvens, finas mas bem brancas, refletindo a luz do sol, interessantemente tecidas como um tapete com aqueles vão lineares e, por essas frestas, era possível ver uma cidade, ali, no meio da Amazônia. Eu supus ser Marabá, pelo tamanho, porque parecia em parte com arruamento organizado, em parte não, mas sinceramente não faço ideia de que cidade era, porque provavelmente ainda estávamos mais distantes de Belém. Fato é que as nuvens branquinhas cobriam aquela misteriosa cidade e se tornavam como que de cor âmbar bem em cima da cidade, por causa das luzes das ruas, e em pequenos vãos lineares permitiam que se avistassem as ruas e os pequeninos pontos de luz. E a imagem não para aí. Sobre as nuvens, um céu, azul marinho (que amo tanto), lindo, lindo, superestrelado, com a estrela de vênus bem acima e uma lua minguante incrivelmente brilhante, que, como disse, fazia as nuvens refletirem branquinhas, ou seria cor de prata? Ah, espero um dia lembrar dessa paisagem linda!
Tudo isso me fez lembrar que, provavelmente, a segunda profissão que quis ter foi ser escritora. Sim, escritora. Eu me lembro, disso eu tenho certeza, que a primeira coisa que quis ser quando crescesse foi professora. Na verdade, essa vontade permaneceu em mim até hoje, apenas não foi concretizada, porque um horizonte enorme de possibilidades descortinou-se enquanto eu crescia e percebi que dar aulas poderia ser feito concomitante com outras atividades. Tudo bem que cresci e vi que não era bem assim, desta vez, foi o monstro da timidez que me freou e, mais tarde, a necessidade formal (e material, no meu caso) de ter um conhecimento prévio sobre didática. Mas eu ainda chego lá, está na lista de projetos.
Sei dizer que, graças ao mundo “virtual”, o qual considero bem real, apenas uma forma diferente de se relacionar e expressar com o mundo (sem julgamentos a priori sobre ser isso bom ou ruim, outro dia falo a respeito), eu posso hoje escrever, ainda que não sendo escritora. E o pior (modo de dizer), ainda há gente a se identificar de alguma forma. Ainda no assunto da escrita, sempre me identifiquei com a poesia, no sentimento, na percepção, porém jamais consegui alcançá-la. Eis que, no ensino médio, me aparece uma tal de prosa poética e, então, descobri que ali era o meu lugar...
Também me lembrei de um episódio muito interessante, de quando estava na sexta série. A professora de redação pediu para escrevermos uma redação sobre o que queríamos ser quando crescer. Lembro-me bem de ter escrito que a primeira profissão que quis ter era ser professora, lembro que passava por ser arquiteta, por ser cardiologista e, por último, ser promotora de justiça (era a vontade atual na época). O interessante é que a redação terminava com uma frase do tipo “mas quem sabe amanhã eu não mudo de ideia”. Não lembro se disse que queria ser escritora ou ser “música”, talvez por vergonha não, mas agora confesso. Sei dizer que a professora praticamente insistiu para que eu confessasse que não havia escrito o texto sozinha e que tinha tido ajuda de meus pais e, só então, eu percebi que provavelmente havia escrito um texto bom (inclusive, ela não me deu nota máxima porque julgou que eu não tivesse feito sozinha a redação). Depois disso, mostrei para os meus pais a redação e virou sensação em casa, foi mostrada para a família etc. Porém, essa redação, que queria tanto poder ler hoje, com meu olhar de hoje, perdeu-se. Talvez alguém tenha uma cópia (é, lembro que alguém tirou cópia) ou esteja bem guardada, mas fato é que não consigo ter acesso hoje.
Esse texto vai ser publicado, do jeito que está, espero ter coragem. A ideia desse blog nunca foi escrever para ninguém, nem usar do português mais correto, coerente, coeso ou lógico, mas registrar os pensamentos de quem um dia quis ser escritora, mas acha (melhor, tem consciência) de que seu talento não é suficiente para isso (ou que faria outras coisas melhor) e, principalmente, que tem dificuldades de se expressar de forma oral, mas precisa, como todos precisamos, descarregar os sentimentos, as ideias, as angústias e as alegrias. Ah, e enxergar a vida de forma poética, como quando vi aquela cidade sob aquelas nuvens e aquele céu lindo.
É por esse motivo que o nome do blog é rascunhos, porque o quero é tão somente registrar algo que possivelmente perderia se anotasse em algum lugar, como aquela redação que gostaria de reler, cuja inspiração ainda me lembro bem, assim como lembro das inspirações de algumas viagens, mas cujas ideias ficaram presas naquele momento e, uma vez perdidas, sinto muito, não voltam, tal qual o tempo que, implacável, só segue para frente (se bem que Einstein disse o contrário, mas deixa ele de lado por hoje).

terça-feira, 10 de abril de 2012

Páscoa


O Cordeiro imolado libertou-nos da morte para a vida
(da homilia sobre a Páscoa, de Melitão de Sardes)
Muitas coisas foram preditas pelos profetas sobre o mistério da Páscoa, que é Cristo, a quem seja dada a glória pelos séculos. Amém (Gl 1, 5). Ele desceu dos céus à terra para curar a enfermidade dos seres humanos; revestiu-se da nossa natureza no seio da Virgem e se fez homem; tomou sobre si os sofrimentos dos seres enfermos num corpo sujeito ao sofrimento, e destruiu as paixões da carne; seu espírito, que não pode morrer, matou a morte homicida.
Foi levado como cordeiro e morto como ovelha; libertou-nos das seduções do mundo. como outrora tirou os israelitas do Egito; salvou-nos da escravidão do demônio, como outrora fez sair Israel das mãos do faraó; marcou nossas almas com o sinal do seu Espírito e os nossos corpos com seu sangue.
Foi ele que venceu a morte e confundiu o demônio, como outrora Moisés ao faraó. Foi iele que destruiu a iniquidade e condenou a injustiça à esterilidade, como Moisés ao Egito.
Foi ele que nos fez passar da escravidão para a liberdade, das trevas para a Luz, da morte para a vida, da tirania para o reino sem fim, e fez de nós um sacerdócio novo, um povo eleito para sempre. Ele é a Páscoa da nossa salvação.
Foi ele que tomou sobre si os sofrimentos de muitos: foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exilado de sua terra em Jacó; vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal; perseguido em Davi e ultrajado nos profetas.
Foi ele que se encarnou no seio da Virgem, foi suspenso na cruz, sepultado na terra e, ressuscitando dos mortos, subiu ao mais alto dos céus.
Foi ele o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro imolado, nascido de Maria, a bela ovelhinha; retirado do rebanho, foi levado ao matadouro, imolado à tarde e sepultado à noite; ao ser crucificado, não lhe quebraram osso algum, e ao ser sepultado, não experimentou a corrupção; mas ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro.
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Neste novo tempo que se abre com a Páscoa do Nosso Senhor Jesus Cristo, somos chamados a ser Suas testemunhas, escutar atentamente a Sua palavra e sentir nosso coração arder, sempre que esta Palavra cair em nossos ouvidos e tocar nosso coração. Prestemos atenção ao Senhor Ressuscitado, quando se aproximar de nós, em nossos caminhos, especialmente quando nos sentirmos desanimados, sem esperança, caminhando na escuridão da noite, pensando que tudo acabou... Escutemos suas Palavras e deixemos que elas toquem as profundezas do nosso coração, fazendo arder nossa alma. Incendiados pelo Seu amor infinito por nós, diremos também ao divino companheiro da estrada: fica conosco, Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando. E Ele se manifestará glorioso ao partir o Pão, tornando-nos Seus hóspedes em nossa própria casa. Que Ele seja um hóspede querido em nossos lares, que sente conosco em nossas mesas, que abençoe e partilhe o nosso pão e que permaneça em nossas famílias, embora que visto somente com os olhos da fé. Que O sintamos em cada Eucaristia que celebramos e participamos em nossa comunidade e que O saibamos ver com os olhos do coração. E, mais importante, por mais que se faça noite escura, não tenhamos medo de nos aventurar na missão de retomar o caminho de volta para anunciá-lo aos irmãos e irmãs: O Senhor ressuscitou e nós somos Suas testemunhas!
Feliz Páscoa! Que o Cristo Ressuscitado ilumine todos os vossos lares com a sua Presença! 
Frei Edilson Rocha, OFM

Como há algum tempo quero, desta vez eu compartilho o texto extraído do Missal de 08 de Abril de 2012 (Missa de Páscoa da Ressurreição do Senhor, da Paróquia de Santo Antônio de Lisboa, Belém-PA). 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Embriguemo-nos

Achei fantástica essa poesia (de fato, uma prosa poética, um dos meus gêneros mais amados). Trata-se de uma metáfora incrível para algo normalmente muito reprovável: a embriaguez.

Depois de lê-la, eu digo: embriaguemo-nos. Estejamos em permanente estado ébrio, mas não aquele consequente do álcool, mas aquele que alegra, que tranquiliza, que eleva o espírito, que anima, que nos deixa em paz.


Embriaguem-se (Boudelaire)

É preciso estar sempre embriagado. Aí está, eis a única questão. Para não sentirem o fato horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher".

Por opiniões pessoais óbvias (para quem me conhece), eu enfatizo a embriaguez com poesia e com virtude.

Poesia, para mim, é o modo de olhar a vida. É ver de forma romântica a noite de cansaço e sono que vivo agora, enquanto carrega o vídeo no youtube "o poeta está vivo". Ao sair de manhã, esteja frio, calor, nublado, chuvoso, ali há poesia. Na correria, no barulho, na calmaria, em tudo...

Virtude é tudo aquilo que é bom. O sorriso, a oração, a serenidade, o auxílio, o silêncio...

Há que viver a vida com poesia e virtude. Então, embriaguemo-nos dia a dia. Embriaguemo-nos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O olhar deve ser para frente, não para trás, nem para dentro, nem para os lados

Olhar para frente é necessário SEMPRE. E avançar, é claro.


É útil olhar para trás, para aprender com os erros, mas uma única vez e somente para isso. Não para lamentar-se pelo que de ruim foi vivido, nem para achar que o "antigamente" é muito melhor que o "hoje em dia".


É bom olhar para dentro, afinal, devemos nos conhecer. Embora você também seja um mundo, perceba que há um mundo maior lá fora.

Olhar para os lados, é ótimo, para saber que não somos os únicos tristes ou felizes, em apuros ou com sucesso, mas nunca para comparar, para medir, para julgar, para diminuir-se ou para vangloriar-se diante dos demais.


Cada um tem a sua história.

"Compreenda que tudo que vivemos faz parte de nossa história. Assim com um livro, vivemos vários capítulos e quando um deles termina, temos que seguir construindo e sonhando o próximo. Cabe a você, e tão somente a você, querer viver momentos felizes. Portanto, não se demore a finalizar aquilo que não lhe traz felicidade e siga elaborando novos capítulos."



"Sempre é tempo de recomeçar. Em qualquer situação podemos abrir novas portas, conhecer novos lugares, novas pessoas, ter outros sonhos. Renovar o nosso compromisso com a vida e assim, renascer para a vida e alcançar a felicidade. Não importa quem te feriu, o importante é que você ficou. Não interessa o que te faltou, tudo pode ser conquistado. Não se ligue em quem te traiu, você foi fiel. Não se lamente por quem se foi, cada um tem seu tempo. Não reclame da dor, ela é a conselheira que nos chama de volta ao caminho. Não se espante com as pessoas, cada um carrega dentro de si, dores e marcas que alteram o seu comportamento, ora estamos felizes e transbordamos de alegria e paz, ora estamos melancólicos e só queremos ficar sozinhos... O mundo está cheio de novas oportunidades, basta olhar para a terra depois da chuva. Veja quantas plantinhas estão surgindo, como o verde se espalha mais bonito e forte depois da tempestade. As portas se abrem para os que não tem medo de enfrentar as adversidades da vida, para os que caíram, mas se levantam com o brilho de vitória nos olhos. Todo o caminho tem duas mãos, uma que seguimos ainda com passos inseguros, com medo, porque não sabemos ainda o que vamos encontrar lá na frente, na volta, mesmo derrotados, já sabemos o que tem no caminho, e quando um dia, resolvemos enfrentar os nossos medos e fazer essa viagem novamente, somos mais fortes, nossos passos são mais firmes, já sabemos onde e como chegar ao destino, o destino é a vitória, o seu destino é ser feliz, eu creio nisso, e você? Você está pronto para recomeçar? O caminho está a tua espera, pé na estrada, coloque um sonho na alma, fé no coração e esperança na mochila, a vida se enche de novidades para os que se aventuram na viagem que conduz a verdadeira liberdade". 

Como eu sempre digo: vamos nos permitir...