quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Embriguemo-nos

Achei fantástica essa poesia (de fato, uma prosa poética, um dos meus gêneros mais amados). Trata-se de uma metáfora incrível para algo normalmente muito reprovável: a embriaguez.

Depois de lê-la, eu digo: embriaguemo-nos. Estejamos em permanente estado ébrio, mas não aquele consequente do álcool, mas aquele que alegra, que tranquiliza, que eleva o espírito, que anima, que nos deixa em paz.


Embriaguem-se (Boudelaire)

É preciso estar sempre embriagado. Aí está, eis a única questão. Para não sentirem o fato horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher".

Por opiniões pessoais óbvias (para quem me conhece), eu enfatizo a embriaguez com poesia e com virtude.

Poesia, para mim, é o modo de olhar a vida. É ver de forma romântica a noite de cansaço e sono que vivo agora, enquanto carrega o vídeo no youtube "o poeta está vivo". Ao sair de manhã, esteja frio, calor, nublado, chuvoso, ali há poesia. Na correria, no barulho, na calmaria, em tudo...

Virtude é tudo aquilo que é bom. O sorriso, a oração, a serenidade, o auxílio, o silêncio...

Há que viver a vida com poesia e virtude. Então, embriaguemo-nos dia a dia. Embriaguemo-nos.

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