sábado, 11 de dezembro de 2010

Pará: Meu lugar em definitivo

Depois de passar meses como forasteira em outras paragens, pude confirmar que estou bem na foto, a despeito da fama que as mulheres paraenses costumem ter, mas já me explico.

Elogios para a música e a boa comida são constantes nas falas dos não-paraenses que por ali moraram por algum tempo ou por ali passaram a trabalho ou a passeio. Dizem que existe algo de especial no Pará e que as pessoas são diferentes... para o bem, é claro (também falam das mulheres, nem sempre de forma "elogiativa", mas isso não vem ao caso, pois minha opinião é de que não há regras nem exceções quando se trata do universo feminino).

E a cidade que se destaca nesse cenário é mesmo a Belémzinha do Pará. De vez em quando, ouço alguém repetir: "ah, mas Belém é muito bacana", ou "adorei Belém". Sei dos defeitos dessa cidade, e não pretendo escondê-los, mas também não devo subestimar aromas, sabores e cores da minha cidade natal.

Mas foi quando estive a percorrer os rios, igarapés, estradas e tão diferentes interiores do Pará, a sobrevoar, navegar e rodar em tantos lugares, simples e não simples, construídos ou naturais, senti que ali era o meu lugar e agradeci imensamente a Deus por ter me proporcionado conhecer tanto, mesmo merecendo eu tão pouco. E confirmei minha decisão, ali mesmo, de dedicar o suor do meu trabalho para aquele lugar.

Não quero com isso me envaidecer do Estado em que nasci, nem sinto não que tenho do que me envergonhar. Mas é que, depois de conhecer outros lugares, tão distantes e tão diferentes do Pará, e encontrar coisas ali tão especiais, passei apenas a acreditar que a intuição e o sentimento que tenho em relação a esse lugar são indícios de que tenho (e devo ter) responsabilidade com essa terrinha, como poderia ter por qualquer outro pedaço de chão desse mundão de meu Deus.

Por tudo isso, cheguei à conclusão de que não importa em quantos lugares temporários eu passe, e mesmo que não more ali, o Pará é meu lugar em definitivo.

As Pessoas: Isso é o que faz a diferença. É o que levamos desta vida

Dizem que não levamos nada desta vida, mas discordo disso. Não colocamos nessa conta a coisa que considero mais importante nesta vida: as pessoas. Não importa a religião que você tenha, a menos que acredite que a morte é o fim... Aí me calo e é melhor que nem continue a ler. Mas se você acredita na possibilidade de vida eterna, então, certamente concordará que não levará roupas, nem jóias, nem notas de Real, nem tinturas de cabelo para além da vida. Possivelmente, não levará nem sua aparência, pois, que aparência é a sua, considerando que ela muda tanto ao longo da vida?

Tudo bem, o que não levamos é óbvio, mas o que levamos então? Eu digo que, certamente, as pessoas.

A cada dia que passa, aumenta a minha convicção de que as pessoas são o que importam nesta vida. São elas que fazem a diferença (para o bem, muito felizmente, e para o mal, infelizmente). Instituições, convenções diversas, como língua, etiqueta, roupas etc, são todas ficcções criadas, no seu fundamento, para o melhor convívio das pessoas. E, independente da situação em que se encontre seu ambiente de trabalho, seu bairro, sua cidade etc, quando se está ao lado de pessoas em quem se pode confiar, o fardo é mais leve e as dificuldades são desafiadoras, sendo o desafio um estímulo a ir em frente, não um motivo para fugir ou uma justificativa para se acomodar.

A cada lugar que vou, a cada experiência nova que tenho, as coisas que vejo e que sinto me marcam, as paisagens, as comidas, os cheiros.... mas o que me faz feliz, no meu íntimo, são as pessoas que conheço, às quais me apego com uma facilidade imensa, as quais me fazem sorrir e chorar e, sobretudo, me fazem acreditar novamente na bondade e, com isso, na onipresença de Deus, as quais passo a amar e guardar no coração.

Ah, e o interessante é que, quanto mais conheço pessoas, mais também sinto saudade daquelas que são a base da minha vida ou que estão distantes e mais valorizo as referências de vida que tive a felicidade de conhecer.

Valorizo (e preciso aprender a demonstrar isso) cada um que passa a minha frente como ser único que é e espero ainda viver uma eternidade para ver e rever, e conviver, e chorar com, e sorrir com, e abraçar, e aprender com pessoas.